Desculpe, esse é um papo entre Deus e eu...
Se você quiser participar dessa conversa deverá ter coragem de dizer o que sente.
Repito: sente!
Estou dentro de uma gaiola
Quero abrir minhas asas e voar bem alto
Não, não quero voar como gaivota, nem como borboleta, ou outro bichinho meigo qualquer...
Eu quero ter as minhas próprias asas e voar bem alto.
Quem sabe lá de cima eu consiga entender a minha pequenez!
Quem sabe lá de cima eu perceba que mesmo dentro de uma gaiola eu possa me sentir livre.
Será?
Estou tão cansada...
Me sinto péssima quando não consigo sair do lugar porque não tenho coragem de arriscar...
Sim, sou medrosa...
Sim, sou indecisa...
Sim, sou tudo isso e mais um pouco!
Sempre voei baixinho, embora minha cabeça sempre estivesse mergulhada nas nuvens...
Vejo os dias passarem e muitas das minhas preces parecem ter evaporado com o hálito do vento.
Não duvido que as respostas não cheguem porque o silêncio já diga que não é bom pra mim...
Mas todas elas?
Não quero ganhar o céu...
Não quero ganhar a terra...
Quero desfrutar pelo menos o que semeei...
É... uns plantam e colhem...
Outros plantam...
Outros colhem...
Uns possuem asas e voam...
Outros possuem asas e caminham...
Há quem possua asas e vegete.
Mas apesar de toda essa angústia que me consome...
Apesar dessa gaiola que me sufoca...
Apesar dessa dor que sente meu corpo...
Apesar de todos os pesares que tenho vivido...
Mesmo sem compreender o que deseja de mim nesse tempo...
Mesmo sentindo raiva de Sua aparente indiferença...
Mesmo sentindo vergonha e constrangimento de Sua graça...
Mesmo não entendendo Seu silêncio...
Mesmo não vendo Suas mãos trabalhando...
Mesmo não vendo suas pisadas na trilha do mar...
Mesmo impedida de voar...
Apesar de tudo e sem entender nada:
Eu te amo!
Deus continua em silêncio!
E eu continuo aguardando a resposta dentro da gaiola.